“Excitante – e às vezes perigoso”
Como trabalha um correspondente estrangeiro – e o que mudou com o coronavírus? O jornalista Hasnain Kazim oferece uma visão.
“Não há trabalho mais excitante do que de um correspondente estrangeiro. Todos os dias você tem que lidar com algo novo, viajar para regiões diferentes e conhecer novas pessoas. É definitivamente tão excitante quanto você imagina, mas às vezes também pode ser muito enervante.
Eu trabalhei muitos anos no Sul da Ásia, baseado em Islamabad, Paquistão, depois em Istambul, na Turquia, e finalmente em Viena, Áustria. Na maioria das vezes, você é responsável por vários países ao mesmo tempo. É tarefa de um correspondente estrangeiro aproximar o público da sua área de cobertura, fornecendo notícias, reportagens, históricos, análises, perfis, entrevistas, comentários e novas visões de bastidores.
Isso pressupõe que você mesmo tenha esses conhecimentos. Você os adquire se viver tempo suficiente numa área de cobertura jornalística, se possível conhecendo o(s) idioma(s) da sua região e mantendo uma rede de informantes e interlocutores.
Os temas são encontrados de várias maneiras: através de dicas de informantes, de nossas próprias observações e percepções, lendo os jornais e sites de notícias da sua área de cobertura, ocasionalmente através de solicitações da redação. E, naturalmente, através da sua localização. Por exemplo, quando Osama Bin Laden foi morto por um comando dos EUA no Paquistão, na noite de 1º para 2 de maio de 2011, passei as semanas seguintes em Abbottabad.
Às vezes descubro que meus colegas internacionais abordam temas diferentes dos meus. Portanto, parece haver perspectivas específicas para cada país. Mas na maioria das vezes relatamos sobre os mesmos temas, porque eles são relevantes numa perspectiva jornalística geral.
O trabalho de um correspondente estrangeiro é empolgante porque muitas vezes você está próximo da ação quando a história mundial acontece. Porém, também é perigoso às vezes, especialmente quando reportagens sobre crise e guerra fazem parte das tarefas. Problemático é o fato de que os correspondentes estrangeiros dependem de credenciamento e autorizações de residência em quase todos os lugares fora da União Europeia.
Como tantas outras coisas, o coronavírus mudou a cobertura jornalística. Viajar tornou-se difícil; quase não se pode encontrar as pessoas de forma pouco complicada. Mas os telefonemas com vídeo não substituem as conversas presenciais, assim como a navegação na internet não substitui a pesquisa de campo”.
Hasnain Kazim, 46 anos, é um jornalista e autor alemão com raízes indiano-paquistanesas. Ele vive em Viena, Áustria, e tem mais de dez anos de experiência como correspondente estrangeiro da revista semanal Der Spiegel. Em 2009, ele recebeu o Prêmio de Jornalismo da CNN e em 2015, o prêmio de mídia Golden Compass.
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