A Alemanha investe na exploração espacial
As matérias-primas do universo podem assegurar o futuro da indústria alemã?
Em agosto de 2018, a Federação das Indústrias Alemãs (BDI) inseriu na sua agenda política um novo campo futuro. Em uma declaração de posição, ela se expressa a favor de que se prepare o caminho para a exploração espacial. É ficção científica ou será logo realidade? O que os peritos dizem:
Por que a exploração espacial é importante para a Alemanha?
As matérias-primas, como a platina, o níquel ou o cobalto estão se tornando raras na Terra, mas continuam sendo extremamente necessárias para as tecnologias futuras. E as possibilidades de as explorar economicamente no espaço sideral estão aumentando devido aos progressos tecnológicos.
Qual é o objetivo da BDI?
O objetivo da BDI é, em primeiro lugar, uma lei nacional sobre o espaço sideral, que permita investimentos e inovações privados. “Essa lei deverá ser aprovada ainda nesta legislatura”, diz Matthias Wachter, diretor do Departamento de Segurança e Matéria-Prima da BDI e um dos autores do documento de posição. A Alemanha deveria seguir o exemplo de Luxemburgo, o único país ao lado dos EUA que tem uma lei de exploração de minerais no espaço.
É grande o potencial de matéria-prima do universo?
Existem estimativas, segundo as quais um asteroide com um quilômetro de diâmetro seria suficiente para cobrir a necessidade de matéria prima de metais da população mundial durante muitos decênios. Até agora, conhecemos 700 000 asteroides, dos quais 17 000 se encontram pertos da Terra, podendo então ser explorados.
Como funciona a exploração de matéria-prima no espaço?
Nos próximos decênios, pequenas sondas espaciais já deverão ser lançadas nas órbitas dos planetas, para descobrir asteroides pertos da Terra, que sejam ricos em matéria-prima. Uma tecnologia muito avançada faz o escaneamento de cada asteroide, recolhendo provas, analisando seu conteúdo de matéria-prima e enviando os resultados para a Terra. Se as sondas encontram asteroides adequados, foguetes maiores e não tripulados podem aterrissar no asteroide, onde os robôs começam a exploração de matéria-prima.
Qual é a situação da Alemanha quanto à exploração espacial?
A indústria alemã está bem posicionada quanto às tecnologias de propulsão, à análise, aos sensores, aos robôs ou à tecnologia de exploração. A empresa de astronáutica OHB, de Bremen, já fundou uma filial em Luxemburgo, que se ocupará com projetos espaciais. Em Berlim existem várias empresas emergentes, que acompanham os chamados “Projetos New Space”, diz Wachter. “A legislação do espaço sideral lhes daria um grande impulso”.
O que dizem os peritos?
Ralf Jaumann, professor titular de Geologia Planetária no Centro Alemão de Aeronáutica e Astronáutica (DLR), não crê que no futuro próximo possa haver uma exploração de matéria-prima no espaço em larga escala. “Se bem que as matérias-primas estejam espetacularmente concentradas e sejam acessíveis, duvido que elas possam ser aproveitadas economicamente”. Seu prognóstico: Mas em um espaço de tempo de cerca de 50 anos, o ser humano já irá se apossar do espaço”.