“Só temos que querer”
COP27 – o relatório de avaliação do IPCC traça as possibilidades da humanidade de como se deverá lidar com a mudança do clima.
A mudança do clima está em pleno andamento e as pessoas têm que se adaptar, pois a mudança não pode ser interrompida. No melhor dos casos, ela pode ser refreada. Um aquecimento de 1,5 grau – a meta ideal do Acordo de Paris – já leva a violentas mudanças nas condições de vida. Mesmo com a medição atual de apenas 1,2 grau acima do nível da era pré-industrial, já podemos observar mudanças catastróficas em grandes partes da Terra. “Atualmente vivem até 3,6 bilhões de pessoas em regiões da Terra, que estão sofrendo muito sob os efeitos da mudança do clima”, diz o Prof. Dr. Hans-Otto Pörtner. “Esses efeitos podem ser vendavais, inundações ou períodos de seca, que estão acontecendo paralelamente em diversos países”. Mesmo assim, as pessoas quase não se preocupariam em saber como poderíamos reagir a esses riscos.
Pörtner é um dos diretores do Grupo de Trabalho II do Painel Internacional IPCC, cujo relatório “Consequências da Mudança do Clima, Adaptação e Vulnerabilidade” não somente mostra o que a mudança climática está causando na Terra e quais sistemas ecológicos estão sendo atingidos, mas também o que as pessoas têm que fazer para evitar tantos danos quanto for possível. E trata-se apenas da segunda parte do sexto relatório de avaliação do IPCC. A primeira parte ocupa-se com as bases científico-naturais da mudança do clima. A terceira parte concentra-se nas possibilidades de limitação das emissões. “Em nosso relatório queremos sobretudo mostrar quais são as opções que temos para incentivar um desenvolvimento de resilência climática”.
Vulnerabilidade da humanidade causada pela mudanças climáticas
Pois a humanidade é vulnerável! Atualmente existem regiões da Terra, nas quais as pessoas quase já não podem sobreviver em dias quentes de verão. Uma combinação de altas temperaturas com grande humidade do ar torna perigoso estar fora de prédios. “E essa tendência ainda aumentará”, admoesta Pörtner. “Estamos começando a destruir grandes partes do nosso habitat que começou a existir há 11 000 anos”. Não se trataria somente de temperaturas que nos ameaçam a vida, mas do colapso completo de ecossistemas, que nos abastecem, por exemplo, com água potável e alimentos.
O que esse relatório nos mostra é que nossas opções de agir estão desaparecendo com todo décimo de grau de aquecimento da Terra. Segundo modelos atuais, é exatamente o limite de 1,5 grau, no qual os riscos para as pessoas passam de um nível médio a um alto nível. O curso atual de cerca de 2,7 graus de aquecimento da Terra significa, portanto, um grande aumento do potencial de perigo, comprovando a urgência que os países industriais do Oeste estão tendo em adaptar os seus modos de vida às novas condições. Uma das medidas mais importantes seria a proteção de espaços naturais. De 30 a 50 por cento destes teriam que ser preservados, para que continuemos tendo capacidade de agir. “Podemos consegui-lo, mas temos que querer”, diz Pörtner. “Temos opções positivas de ação, mas estas são frequentemente locais, encontrando-se em comunidades indígenas. Destes povos teríamos que aprender!”
O estilo de vida em países industriais tem que mudar
Isto significa para os países industriais ocidentais um abandono do estilo de vida de até agora de desperdício dos recursos. O perigo de uma enorme perda de bem-estar, como os céticos preconizam, não existiria, salienta Silvie Kreibiehl, diretora de coordenação do terceiro relatório do IPCC, que se refere à redução da mudança do clima. De 40 a 70 por cento das emissões poderiam ser economizadas, diz Kreibiehl, sem que se pudesse contar com uma grande perda de bem-estar das populações de países como a Alemanha. No que se refere ao financiamento da virada climática, ela também se mostra otimista. Teríamos apenas que conseguir estimular fluxos de capital onde se precisam deles com urgência, ou seja, nos países emergentes e nos países em desenvolvimento. Junto com seus colegas, ela calculou em que medida o financiamento da transformação verde teria que aumentar, para alcançar os objetivos do clima de Paris. “Chegamos aqui a um fator de três a seis, o que não é muito para o mercado de capital”. Sua conclusão: a pressão de agir se tornaria cada vez maior, e, ao mesmo tempo, nuca teria estado tão claro quais medidas concretas teriam que ser tomadas.
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