“Nenhuma corrente que se rompe simplesmente”
O engajamento pela proteção do clima é grande em todo o mundo, diz Patricia Espinosa, chefe do Secretariado do Clima da ONU. Apesar disso, existem resistências.
Sra. Espinosa, o Acordo de Paris de 2015 continua sendo considerado uma grande conquista nas negociações internacionais sobre o clima. Que significado tem a Conferência do Clima em Bonn?
Na COP 23, pretendemos desenvolver as diretrizes sobre como o Acordo de Paris deverá ser implementado. Deveremos dar um bom passo à frente. Além disso, temos de expor a cada um dos países, como eles devem fazer o balanço em 2018: qual a sua situação atual e que passos são necessários, a fim de lograrmos conjuntamente a meta do acordo, que é limitar o aquecimento global a menos de dois graus centígrados. Os recentes fenômenos extremos do clima, que custaram vidas humanas e destruíram existências no Caribe e em outras partes, mostram além disso a urgência em ajudar-se sobretudo os países especialmente ameaçados, no tratamento de tais fenômenos extremos.
Houve recentemente irritações sobre a posição dos EUA a respeito do Acordo do Clima. A senhora está otimista quanto à possibilidade de mantê-los como parceiros?
Foi decepcionante que o presidente dos Estados Unidos tenha anunciado em maio de 2017, que seu país deixará o Acordo do Clima. Apesar disso, nós continuamos trabalhando com os EUA na luta contra a mudança do clima. Além disso, o entusiasmo e a solidariedade continuam sendo muito grandes em muitos países de todo o mundo. O Acordo já foi ratificado por 169 países e eles fazem progressos para cumprir as suas metas nacionais do clima – por exemplo, através da ampliação das energias renováveis, de uma agricultura inócua ao meio ambiente e da mobilidade sustentável. O Acordo não é nenhuma corrente, que se rompe simplesmente. É uma rede, de malhas cada vez mais estreitas e de dimensão crescente.
Que papel a Alemanha vai desempenhar na COP 23?
O Secretariado do Clima da ONU agradece à Alemanha pelo seu apoio extraordinário, logístico e financeiro, o qual tornou possível a Conferência. O presidente da Conferência é o primeiro-ministro de Fiji; ou seja, no aspecto formal, a Alemanha não desempenha nenhum papel especial. Mas irá apresentar os seus notáveis esforços para a proteção do clima no próprio país e no mundo. Além disso, irá lançar possivelmente novas iniciativas, por exemplo, para um seguro melhor em prol das nações especialmente atingidas.