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Como vivem os alemães normais?

Na Ucrânia, a Alemanha é vista como o aliado mais importante na Europa – por causa de valores como democracia e tradições

Nataliia Fiebrig, 28.08.2021
Nataliia Fiebrig numa reportagem sobre Berlim.
Nataliia Fiebrig numa reportagem sobre Berlim. © privat

Força econômica, democracia, cultura e tradições: isso é o que os ucranianos associam com a Alemanha. Eles estão interessados em como vivem os alemães comuns, como funcionam as creches e as escolas, como a assistência médica é organizada, que vantagens tem o Estado social, até mesmo carros e autoestradas alemãs, jardins bem cuidados com anões de jardim. E, claro, os mercados de Natal e a Oktoberfest nunca faltam em minhas reportagens.

A maioria dos ucranianos pensa que na Alemanha tudo é regulamentado até o mínimo detalhe e que a proteção dos cidadãos tem prioridade máxima. É por isso que eles mal podem acreditar que os inquilinos nas grandes cidades dificilmente conseguem encontrar apartamentos acessíveis, ou que um país tão fortemente industrializado está atrasado na digitalização, enquanto na Ucrânia o aplicativo estatal Dija já pode substituir passaportes e carteiras de motorista.

Em agosto de 2021, foram comemorados os 30 anos da independência com um grande desfile militar em Kiev.
Em agosto de 2021, foram comemorados os 30 anos da independência com um grande desfile militar em Kiev. © picture alliance/dpa/TASS

Politicamente, a Alemanha tem sido o aliado europeu mais importante da Ucrânia desde 2014. Para a chanceler alemã Angela Merkel, a Ucrânia estava no topo de sua lista de prioridades. Ela sempre foi informada em detalhes sobre o processo de reforma, bem como sobre a defesa da integridade territorial da Ucrânia no leste do país. É por isso que a insistência do governo alemão no controverso gasoduto Nord Stream 2 é incompreensível para a liderança política e para a população. Os esforços de Merkel para convencer o presidente americano Joe Biden a renunciar às sanções contra o projeto foram vistos como um presente de despedida para o presidente russo Vladimir Putin. Putin conseguiu tudo o que queria, é o que se diz na Ucrânia.

Também falta de compreensão para o argumento de que o gasoduto é um projeto puramente econômico. Os ucranianos o veem principalmente como um instrumento geopolítico. Não são as consequências econômicas que a Ucrânia mais teme, vê-se como um grande risco de segurança a desvalorização do gasoduto existente através da Ucrânia. Este deveria ter sido um argumento para Angela Merkel que, com o cuidadosamente negociado Acordo de Minsk em 2015, foi capaz não de acabar com a guerra no leste da Ucrânia, mas de congelá-la. Em geral, o risco de segurança que a Rússia representa para a Ucrânia é considerado muito menor na Alemanha, do que pelos próprios ucranianos.

 


Nataliia Fiebrig é jornalista. Ela vive em Berlim há muitos anos e faz reportagens para seu país de origem, a Ucrânia, para o programa de notícias TSN do canal de TV 1+1.

© www.deutschland.de

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