Uma visão da União Europeia a partir da Espanha
A importância da UE no mundo vai diminuir, mas os migrantes vão salvá-la, escreve Ana Carbajosa.
Nós indagamos jornalistas de países europeus sobre o futuro da União Europeia – leia aqui a resposta de Ana Carbajosa. Ela escreve para o diário espanhol El País.
O ritmo é um outro. Tudo transcorre mais rapidamente e as transformações ocorrem em alta velocidade. Predizer como será o futuro da União Europeia é algo impossível. Mas podemos pressentir as tendências. Sabemos que será necessariamente diferente da União Europeia que conhecemos agora – provavelmente menor, mais velha e ainda menos previsível.
Menor não porque terá menos membros. Não se trata de que o Brexit vai gerar um efeito dominó e os outros países farão fila para abandonar o clube. Ao contrário. Talvez novos membros vão se somar aos atuais. Trata-se de que a União Europeia vai inexoravelmente perder peso no mundo; peso econômico e demográfico, num mundo que se transformará através do incontido impulso da China como potência geopolítica. A importância do Ocidente e da União Europeia se reduzirá necessariamente com isso.
A Espanha poderia desempenhar um papel-chave
O Brexit é uma espécie de termômetro, que mostra o que significa abandonar o clube. Ninguém sabe como o vizinho se desenvolverá. Certo é que a UE, com o Brexit, perde a sua segunda força econômica, depois da Alemanha. Isso significa que a UE disporá de menos recursos para a distribuição. O Brexit gerará também uma nova ordem, no que se refere a alianças e equilíbrio de poder. Como grande país pró-europeu, a Espanha pode desempenhar um papel-chave entre Paris e Berlim.
Essa nova ordem também transformará a paisagem política da Europa, já que os conservadores e os socialistas não terão mais o leme nas suas mãos, e alguns Parlamentos estão fragmentados. Assim, o futuro da União Europeia dependerá de como serão as alianças no Parlamento Europeu e nos países membros.
Finalmente, a face da União Europeia será uma outra, necessariamente diferente de antes – com migrantes da 4ª e da 5ª gerações, que darão um novo impulso ao continente, que o reanimarão. Sem eles, a UE envelheceria muito mais rapidamente e perderia ainda mais habitantes. Mais pessoas virão para a União Europeia e elas vão salvar a economia europeia e o mercado de trabalho europeu.
Ana Carbajosa estudou Direito em Madri, Bruxelas e Boston e, desde 2001, trabalha como jornalista. Ela foi correspondente em Bruxelas, Jerusalém e agora em Berlim.
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