Guerra civil e fuga no romance
Alemão não é sua língua materna, mas ele está entre os melhores escritores da Alemanha. Saša Stanišic fugiu da guerra civil na Bósnia para a Alemanha.

Saša Stanišić
O escritor excepcional.
Um sorvete na mão, o olhar voltado para as ruínas do castelo de Heidelberg, o gosto de chocolate na boca – assim Saša Stanišić descreve suas primeiras lembranças da Alemanha. “Com o ‘waffle’ na mão, nós passeávamos ao longo de um rio, que como tudo era anônimo: as ruas, os prédios, as cores. Nós não compreendíamos ninguém”. Nascido em 1978 em Višegrad, uma pequena cidade no leste da Bósnia, Stanišić cresceu como filho de uma muçulmana bósnia e um sérvio. Após a ocupação de Višegrad na guerra da Bósnia, a família fugiu em 1992 para a Alemanha.
Embora alemão não seja sua língua materna, Saša Stanišić está entre os escritores mais bem-sucedidos do país. “Minhas primeiras poesias eu escrevi na escola”, diz ele. Um professor as corrigia. Saša Stanišić aprendeu alemão – e quase se tornou professor. Durante o estudo no Instituto de Literatura Alemã em Leipzig, ele encontrou o tom para suas histórias da Bósnia e da fuga – temas de suas obras. Sua obra de estreia, “Como o soldado conserta o gramofone”, não é uma autobiografia, mas tem a guerra civil, a fuga e o reinício na Alemanha como tema. O livro foi indicado para o Prêmio Alemão do Livro e hoje está traduzido em 31 idiomas. Com “Antes da festa”, Stanišić ganhou em 2014 o Prêmio da Feira do Livro de Leipzig. Nele, o autor segue o rastro de coisas comuns entre a Bósnia e o Uckermark.
No atual debate sobre os refugiados, Stanišić desejaria maior franqueza. Ele mesmo encontrou na Alemanha muita gente disposta a ajudar, sem muito celeuma, afirma o escritor. ▪