Pular para conteúdo principal

Pioneira do trabalho memorial

A liberdade de aprender com sua própria história: Susanne Siegert mostra como a mídia social pode dar vida à história. 

Kim BergKim Berg, 16.10.2024
Susanne Siegert informa as pessoas sobre o Holocausto na mídia social.
Susanne Siegert informa as pessoas sobre o Holocausto na mídia social. © Martin Neuhof

Diga o que você pensa. Explore o que você quiser. Crie arte do jeito que você gosta: Na Alemanha, qualquer um tem essa liberdade, pois ela é a base da democracia e está protegida pela Lei Fundamental. Conheça os jovens da Alemanha que mostram as diversas formas de vivenciar essa liberdade. 

 

Relembrar o Holocausto em 90 segundos – é possível? Sim, é possível – Susanne Siegert mostra isso em suas plataformas de mídia social “Keine. Erinnerungskultur” (Nenhuma. Cultura de lembrança) no Instagram e TikTok. Espere um pouco, nenhuma cultura de lembrança? “Ouvi em um podcast a ideia de que você somente pode se lembrar de algo no sentido literal da palavra se tiver vivenciado o acontecimento pessoalmente”, explica Susanne. Ela mesma prefere o termo “trabalho memorial”, porque, para ela, a preservação do conhecimento sobre os horrores do Holocausto implica trabalho, especialmente por pessoas que não vivenciaram esse momento.  

A memória da era nazista tem grande prioridade 

A lembrança do Holocausto e dos crimes cometidos durante o nazismo está profundamente enraizada na Alemanha. Memoriais, museus e eventos mantêm vivo o conhecimento sobre os horrores do passado. Um aspecto especial da cultura alemã da lembrança é a liberdade de se engajar com o passado de várias maneiras. Protegidas pela liberdade da ciência, da arte e da opinião, as pessoas na Alemanha têm a possibilidade de encontrar novas formas de relembrar. Seja na escola, na universidade ou no setor artístico e cultural, o engajamento com a história não é apenas permitido, mas também incentivado.  

A mídia social tem um papel cada vez mais importante nesse processo. “A mídia social democratiza o discurso porque todos podem participar e você obtém informações diretamente das pessoas que foram afetadas”, diz Susanne. Dessa forma, cria-se uma cultura pluralista de lembrança que evidencia todas as perspectivas, inclusive as de grupos de vítimas que, muitas vezes, não recebem muita atenção na esfera pública. 

A mídia social democratiza o discurso porque todos podem participar e você obtém informações diretamente das pessoas que foram afetadas.
Susanne Siegert

Tornar o conhecimento sobre o Holocausto acessível ao público 

Com seu engajamento na mídia social, Susanne ajuda a divulgar o conhecimento sobre a era nazista aos jovens. Ela fez sua primeira postagem no Instagram em dezembro de 2020. “Sempre tive um grande interesse no passado nazista e quis compartilhá-lo porque fiquei surpresa com a quantidade de informações que é possível encontrar sobre o tema em arquivos abertos - documentos originais, depoimentos de testemunhas, registros judiciais e fotos”, diz Susanne.  

As informações a respeito do Holocausto são de livre acesso na Alemanha. Com o objetivo de promover a conscientização histórica e incentivar as pessoas a se envolverem com o passado, a Lei Federal de Arquivos regulamenta a preservação e o acesso aos arquivos estaduais na Alemanha. Ela determina que os documentos criados por instituições e autoridades estatais devem ser disponibilizados ao público após um determinado período de tempo, geralmente 30 anos. Os direitos de acesso contribuem para a divulgação do conhecimento sobre o Holocausto e os crimes do nazismo, não apenas nos círculos acadêmicos, mas também entre o público em geral. 

Susanne com um grupo no memorial do campo de concentração Mühldorfer Hart.
Susanne com um grupo no memorial do campo de concentração Mühldorfer Hart. © privat

Dar às pessoas uma plataforma na mídia social 

Quando Susanne percebeu que suas contribuições também atraiam muito o interesse dos jovens, publicou seu primeiro vídeo no TikTok em 2022. “Percebi rapidamente que o TikTok era exatamente a plataforma certa. Há um público-alvo jovem e você é rapidamente identificado por pessoas que querem saber mais sobre o assunto”. Seus canais, com cerca de 300.000 seguidores, transformaram-se em um arquivo sobre vários aspectos do Holocausto. Os usuários também podem encontrar informações menos conhecidas sobre o passado nazista da Alemanha. Em seus vídeos, Susanne explica, por exemplo, por que Adolf Hitler não gostava de se expor de óculos, quais palavras que ainda são usadas hoje têm origem na era nazista e qual o papel dos soldados negros do exército dos EUA na libertação da Alemanha. Atualmente, seu engajamento vai além de suas plataformas de mídia social. “Acho fascinante como a mídia social disponibiliza uma plataforma para novas pessoas. Há quatro anos, ninguém me perguntaria sobre esse assunto e agora estou prestes a publicar um livro sobre a cultura de lembrança”, diz Susanne.  

Os jovens estão interessados em novos temas, por exemplo, uma perspectiva queer ou feminista.
Susanne Siegert

Em seus vídeos, ela tenta criar pontos de referência com a vida atual das pessoas para mostrar os efeitos que o passado tem no presente. Especialmente os jovens e os migrantes trazem novas abordagens e perspectivas para a discussão da história alemã, conforme Susanne também percebe em suas interações com seus seguidores. “Os jovens estão interessados em novos temas, por exemplo, uma perspectiva queer ou feminista.” Ela não quer que seus vídeos substituam documentários ou aulas. “Mas eles são um bom complemento para as pessoas interessadas no tema”, diz a influenciadora.