A detetive do clima
Entender a mudança climática e reduzir as desigualdades. Friederike Otto explica a todos de onde surgem os eventos meteorológicos
Há 20 anos quase não era possível estimar a correlação entre a mudança climática e uma condição meteorológica extrema, como uma onda de calor ou um temporal. No entanto, a pesquisa meteorológica fez enormes progressos. Hoje está comprovado, com uma possibilidade baseada em um fator entre 1,2 e 9, que a enchente catastrófica no Vale do Ahr, na Alemanha, que tirou a vida de 134 pessoas, foi causada pela mudança climática.
Deve-se em grande parte a Friederike Otto o fato de que esses cálculos já estiveram à disposição apenas poucas semanas depois da inundação catastrófica. Essa pesquisadora do clima foi uma das pessoas que fundaram e impulsionaram a Pesquisa de Atribuição, um novo segmento da climatologia. A Pesquisa de Atribuição, como a disciplina também é chamada, analisa a influência do aquecimento do clima sobre determinadas situações meteorológicas extremas.
Renome internacional na ciência
Fato é que toda onda de calor se tornou mais intensa e mais provável por causa da mudança climática. E Otto ganhou renome internacional por ter disponibilizado esse conhecimento. Juntamente com o pesquisador meteorológico Geert van Oldenborgh, ela foi inserida em 2021 na lista do magazine norte-americano Time entre as 100 pessoas mais influentes do mundo. Ela e o pesquisador holandês fundaram a iniciativa internacional de pesquisa World Weather Attribution, cujo objetivo é publicar continuamente os fatos sobre determinadas situações meteorológicas extremas.
O trabalho de Otto também é apreciado na ciência. Em 2021, a revista “Nature” colocou esta cientista de Kiel entre as mais importantes pesquisadoras do Mundo, listando-a na "Nature’s 10", onde ela é apresentada como detetive do clima. Depois de um estudo de Física, Otto se doutorou em Filosofia na Freie Universität de Berlim. No seu doutorado, Friederike Otto se ocupa com a teoria científica e modelos de clima. Agora, depois de mais de dez anos, ela pesquisa no Reino Unido, tendo adquirido a cidadania britânica. Depois de muitos anos em Oxford, essa pesquisadora do clima trabalha hoje no Imperial College de Londres.
Lutar contra as desigualdades sociais foi o impulso de Otto para se preocupar com o clima. “A mudança do clima agrava as desigualdades”, diz ela. São sobretudo os grupos vulneráveis que estão sendo ameaçados pela crescente crise climática. Eles perdem seus meios de subsistência ou não podem mais se abastecer com meios alimentícios por causa dos altos preços. Ao contrário, pessoas ricas teriam o dinheiro suficiente para se adaptar. “É preciso combater as desigualdades, para que as pessoas possam se adaptar às consequências do clima”, diz Otto.
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