A vida de Anne Frank
Uma peça de teatro reinterpreta a vida da jovem judia alemã Anne Frank, vítima do Holocausto.
Um palácio de vidro colossal, a mais avançada tecnologia de palco e vinte atores entre elementos permanentemente em movimento. É dessa maneira que o diretor de teatro Theu Boermans reinterpreta o mundo da menina judia Anne Frank, assassinada pelos nazistas. O espectador é atraído para o centro dos acontecimentos em Amsterdã dos anos 1940 a 1944, para a casa de fundos na rua Prinsengracht, onde a família Frank, de Frankfurt do Meno, ficou escondida mais de dois anos. A reconstrução dessa casa se abre no palco de Boermanns como uma casinha de bonecas. Paralelamente, a II Guerra Mundial é mostrada em telas gigantescas. Quando a cortina de projeção se levanta, a vista se torna livre para um restaurante em Paris da época do pós-guerra, onde Anne se encontra com um menino, pelo qual ela estivera apaixonada antes de se esconder. Ela lhe conta sua história. A data, na qual a encenação é levada ao palco, não foi escolhida ao acaso, pois Anne Frank completaria em 2014 seus 85 anos de idade.
Uma jovem irrequieta e pensativa
É a suposta narração ambiental em Paris que diferencia esta encenação de “Anne” das outras. Responsáveis por esse artifício são os autores holandeses Jessica Durlacher e Leon de Winter, que foram encarregados da peça teatral pelo Fundo Anne Frank, de Basileia, fundado pelo pai de Anne. Eles queriam levar ao palco a vida não vivida de Anne Frank. Para tanto, eles se basearam no “Diário” e também nas “Gesammelte Schriften” (Obras reunidas), editadas no outono europeu de 2013. Um novo enfoque acentua os sonhos e os desejos futuros da menina irrequieta e, ao mesmo tempo, pensativa, interpretada por Rosa da Silva, de 27 anos.
Os dois produtores, Kees Abrahams e Robin de Levita, este profissional da Broadway, querem atrair uma nova geração de jovens. Mas é possível embalar o destino de Anne Frank em um agradável show de multimídia? Houve críticos que já tinham se queixado de uma comercialização, principalmente a Fundação Anne Frank, de Amsterdã, responsável pelo museu na casa de fundos, que via nisso uma comercialização ilegal da história. Ao contrário, Yves Kugelmann, do conselho do Fundo Anne Frank, de Basileia, insistiu em que a noite da estreia dizia respeito a objetivos educacionais.
A controversa não causou prejuízo à estreia realizada em maio de 2014. Os espectadores, entre eles o primo de Anne Frank, Buddy Elias e a amiguinha de escola de Anne, Jacqueline Van Maarsen, ficaram entusiasmados. E os peritos, satisfeitos.
Anne Frank nasceu em 12 de junho de 1929 em Frankfurt do Meno.