Pular para conteúdo principal

9 de novembro – Dia da Memória na Alemanha

Nenhuma outra data na história alemã está associada a tantos eventos importantes, principalmente a Noite de Cristais do Terceiro Reich em 1938 e a queda do Muro de Berlim em 1989.

04.11.2024
Tributos do pogrom do Reich após 1938
Tributos do pogrom do Reich após 1938 © picture alliance/dpa

O dia 9 de novembro é uma data muito especial na história da Alemanha, por isso é frequentemente chamado de o dia fatal dos alemães. O feriado nacional é no dia 3 de outubro. No dia da Unidade Alemã é celebrada a reunificação oficial. O dia 9 de novembro não é feriado, mas é um dia de tributos e recordações. O foco das comemorações anuais é o pogrom contra os judeus alemães em 9 de novembro de 1938. Mas a Alemanha também se lembra da queda do Muro de Berlim em 1989, que possibilitou a reunificação alemã.

Na história alemã, o dia 9 de novembro representa esses eventos:

A antiga passagem de fronteira da Bornholmer Straße em Berlim
A antiga passagem de fronteira da Bornholmer Straße em Berlim © picture alliance/dpa

9.11.1989 – A Queda do Muro de Berlim

Na noite daquela quinta-feira, Günter Schabowski, membro do Politburo da RDA, anunciou de surpresa, em uma conferência de imprensa, novos regulamentos de viagem para os cidadãos da RDA. Até esse momento, eles somente podiam viajar para a Alemanha Ocidental com autorização, que raramente era dada. O próprio pedido muitas vezes levou a assédio e discriminação. Provavelmente devido a um mal entendido, Schabowski disse que o novo regulamento seria aplicado imediatamente. A notícia se espalhou rapidamente e milhares e milhares de pessoas correram para os postos de passagem da fronteira, especialmente em Berlim. Por volta das 23h30, os soldados da fronteira não conseguiram mais suportar a pressão da multidão e a passagem da Bornholmer Straße foi a primeira a ser aberta. Um ano após a queda do Muro de Berlim, em 3 de outubro de 1990, a Alemanha foi oficialmente reunificada.

Após o pogrom: as pessoas passam por lojas destruídas em Berlim.
Após o pogrom: as pessoas passam por lojas destruídas em Berlim. © picture alliance/dpa

9.11.1938 – A Noite dos Cristais do Terceiro Reich

As revoltas contra os judeus na Alemanha e na Áustria, incentivadas e organizadas pelo estado nazista, ficaram registradas na história como Noite dos Cristais do Terceiro Reich. Membros das organizações nazistas SA e SS em trajes civis e uniformes e também muitos cidadãos, cerca de dez por cento da população, participaram dos atos de violência. Naquela quarta-feira e nos dias anteriores e posteriores, eles destruíram e saquearam cerca de 7.500 lojas e estabelecimentos judaicos, incendiaram 1.200 sinagogas e assassinaram centenas de judeus. Foi ordenado que a polícia e o corpo de bombeiros não interviessem. Nos dias posteriores, mais de 30.000 homens judeus foram levados para campos de concentração. Segundo estimativas, até 2.000 pessoas morreram em consequência dos pogroms. A Noite de Cristais do Terceiro Reich marcou a passagem da discriminação contra a população judaica para sua perseguição aberta. O antissemitismo nazista atingiu seu auge no Holocausto, o assassinato sistemático de seis milhões de judeus europeus e outros grupos populacionais excluídos pelos nazistas.

9.11.1923 – O golpe de estado de Hitler-Ludendorff

Naquela sexta-feira em Munique, Adolf Hitler, que era relativamente desconhecido no momento, e seus aliados tentaram derrubar o governo democraticamente eleito. A polícia pôs fim à tentativa de golpe de estado após algumas horas. Foram mortos 26 golpistas e quatro policiais. Hitler foi preso por cinco anos, mas foi liberado após alguns meses por “bom comportamento”. Dez anos depois, como chanceler e ditador do Reich, ele declarou o dia como feriado. Em 8 de novembro de 1939, em um “evento memorial” pelo golpe de estado fracassado, ele escapou por acaso do ataque do combatente da resistência, Georg Elser.

O social-democrata, Philipp Scheidemann, proclamou a república em 1918.
O social-democrata, Philipp Scheidemann, proclamou a república em 1918. © picture alliance/dpa

9.11.1918 – A proclamação da república

Em face da derrota certa do Reich alemão na Primeira Guerra Mundial, o social-democrata, Philipp Scheidemann, proclamou a República Alemã de uma janela do edifício do Reichstag, hoje a sede do Parlamento Federal. Também foi divulgada a abdicação do imperador alemão, que fugiu para a Holanda e renunciou oficialmente em 28 de novembro. Poucas horas depois, Karl Liebknecht proclama uma “República Socialista da Alemanha livre”. Os defensores de uma democracia parlamentar pluralista prevalecem em conflitos que, às vezes, são semelhantes a guerras civis. Em agosto de 1919, foi fundada a República de Weimar como o primeiro estado democrático alemão.

O fuzilamento de Robert Blum (litografia em giz de Theodor Hosemann, Carl Steffeck)
O fuzilamento de Robert Blum (litografia em giz de Theodor Hosemann, Carl Steffeck) © picture alliance/dpa

9.11.1848 – Morte de Robert Blum

Naquela quinta-feira, o democrata, publicitário e poeta, Robert Blum, foi morto em Viena. Blum foi membro do primeiro parlamento democrático, a Assembleia Nacional de Frankfurt, na igreja de São Paulo. Como chefe de uma delegação da fração democrática da Assembleia Nacional, ele viajou para Viena para apoiar a revolta contra o imperador austríaco. Depois de a revolta ser reprimida, ele foi imediatamente condenado à morte e fuzilado. Suas últimas palavras foram: “Estou morrendo pela liberdade alemã e pela qual lutei. Que a pátria se lembre de mim”. Na Alemanha, Blum é considerado uma figura de identificação democrática e, ao mesmo tempo, simboliza o fracasso das revoluções democráticas alemãs de 1848/49.