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“Open Source” contra minas terrestres

Dia Internacional do Reconhecimento de Minas: Como pesquisadores alemães ajudam a Colômbia a se livrar de uma ameaça mortal.

06.03.2017
© RUB, Foto: Damian Gorczany - Christoph Baer

A Alemanha ajuda a Colômbia no processo de paz e isto também cooperando nos campos da ciência e pesquisa. Um problema, que restou das dezenas de anos de conflito, são muitas minas terrestres que ainda se encontram escondidas no solo. Os engenheiros de universidades alemãs e seus parceiros latino-americanos desenvolveram juntos um detector móvel que reconhece as minas de diferentes tipos de construção. Esta tecnologia é acessível a todos. O diretor do projeto Christoph Baer, da Ruhr-Universität de Bochum, explica como ela funciona e quais obstáculos existem. 

Senhor Baer, por que a Colômbia está gravemente afetada por minas terrestres?
As minas terrestres são a causa restante do conflito armado que durou mais de 50 anos. Nos últimos 15 anos, mais de 10 mil colombianos pisaram nessas minas e foram feridos ou mortos. Em 2016, este país estava em 6º lugar nas estatísticas globais sobre as vítimas de minas terrestres, atrás de países como o Afeganistão ou a Síria. O especial da Colômbia é que não se trata de um conflito militar clássico entre forças armadas, mas de um conflito de guerrilha. Por isso, não há minas terrestres produzidas industrialmente, mas quase todas foram construídas à mão. Elas são muito diferentes. O movimento guerrilheiro está ajudando na busca, mas ninguém sabe, com certeza, onde essas minas foram colocadas.

Pode-se imaginar como são essas minas?
Elas foram construídas com uma simplicidade terrível, com objetos da vida comum. Elas são compostas de um recipiente que contém o material explosivo – seja uma latinha ou uma garrafa de plástico. A maioria do material explosivo vem das minas de carvão. Além disso há um estopim que é o único elemento de construção industrializada da mina terrestre. Para que a mina seja ativada, existe um dispositivo que faz o contato entre  dois metais quando se pisa na mina, fazendo-a explodir. Para tanto, usam-se frequentemente seringas ou esponjas.

Por que é difícil detectar essas minas terrestres?
Na Europa Oriental ou na África já é muito difícil poder detectar minas terrestres, mesmo que as minas sejam em geral parecidas. Tão logo eu sintonize os processos de detecção com as minas, o reconhecimento passa a funcionar bem. Na Colômbia não é assim. Até agora, os militares colombianos tinham trabalhado com detectores de metal convencionais. Dado que nas ruas e nas trilhas campestres existe muitos estilhaços e outros resíduos metálicos enterrados no chão, o detector dá alarme permanentemente. De 2 000 objetos, que são detectados, somente um é, em média, uma mina terrestre. Há também peritos especialmente formados que detectam as minas terrestres enterradas no chão, mas essa formação é muito difícil . E, considerando-se o grande  número de minas, não é viável empregar o trabalho desses peritos em todo lugar. Por isso, nosso objetivo é encontrar uma solução automatizada e móvel que não exija uma formação e que seja flexível. Outro problema na Colômbia é que as minas também foram depositadas em matagais e em regiões montanhosas. Por isso, queremos uma solução do tamanho de detectores de metal e não um equipamento que tenha de ser instalado em veículos.

O senhor trabalha junto com parceiros da Technische Universität de Ilmenau, da Universidad de los Andes e da Universidad Nacional de Colombia em Bogotá. Quais são seus enfoques?
Empregamos uma tecnologia de radar de alta definição para detectar determinados modelos de sinais que todas as minas têm, apesar das suas diferenças. São ressonâncias que outros objetos não emitem. Para tanto usamos os dados dos militares colombianos que catalogaram as minas já encontradas. Aproveitamos diversas minas para testes de laboratório, construindo assim uma variante não perigosa, de tal maneira que a assinatura eletrônica do radar se torne muito semelhante à de uma mina terrestre verdadeira. Além disso, simulamos as minas no computador, para, por exemplo, descobrir como os diferentes tipos de solo podem influenciar o sinal do radar.  Muitíssimas minas estão enterradas a até 30 centímetros de profundidade. Sendo pesquisadores, não podemos, nós próprios, fabricar um tal produto, mas queremos ter a base para um detector, sejam protótipos de hardware ou logaritmos, para poder avaliar os sinais. Temos, por exemplo, de levar em conta os movimentos do usuário, quando ele rastreia o chão com o instrumento. Nosso trabalho, que leva o nome de “Open Source” é divulgado isento do direito de patente. Queremos fazer trabalho humano e não ter lucro financeiro.  

Cooperando, surge também uma transferência de conhecimento. Como é ela?
Trouxemos para a Colômbia, por exemplo, um radar de solo de vários canais, desenvolvendo uma antena especial para a respectiva tecnologia do radar. As medições-teste nos nossos protótipos acontecem na Colômbia. Todavia, com respeito à cooperação, não se trata somente da pesquisa, pois fizemos um acordo com a Universidad Nacional, para o intercâmbio de estudantes e doutorandos. Neste ano, ofereço em Bogotá uma “Sommer School” sobre tecnologia de radar. Este curso dura duas semanas, é para toda a universidade e é grátis. As minas terrestres ainda serão durante dezenas de anos  um problema para a Colômbia. Esperamos poder dar nossa contribuição, para que esse tempo possa ser reduzido.

O diálogo foi conduzido por Boris Hänssler.

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