Um momento emocionante
Duas mulheres contam o que significa para elas, ter finalmente todos os direitos de casal.
Alemanha. O primeiro beijo de recém-casadas no pomposo salão da prefeitura de Hamburgo foi um momento emocionante para Marion Eggers e sua esposa Undine Maria. Elas disseram sim mutuamente pela terceira vez. “Casar três vezes, três vezes com a mesma mulher, e cada vez a gente sente isso de forma diferente”, afirma Marion, professora de ioga de 57 anos de idade. Afinal, cada “sim” foi um passo adiante no longo caminho para a emancipação legal dos casais homossexuais na Alemanha.
Três etapas para o “casamento gay”
O primeiro passo foi dado pelas duas mulheres no ano 2000. Elas aproveitaram então a nova possibilidade do “casamento hamburguês”: os casais homossexuais podiam inscrever-se num livro de parcerias do cartório de registro civil. Isso não tinha nenhum significado jurídico, mas uma grande importância emocional e simbólica. Em 2001, seguiu-se a “união estável oficialmente registrada”, com muitas obrigações, mas poucos direitos. “Casamento homossexual” era como se denominava esse caso especial. Assim, este terceiro “sim” é muito mais triunfante e gratificante para Marion e Undine Maria Eggers. Pois desde 1º de outubro vigora: casamento igual para todos.
O direito de ser conservador
A lei finalmente não faz mais nenhuma exceção, a maioria dos deputados ao Parlamento Federal votou no dia 30 de junho a favor de que isso ocorresse. O parágrafo 1353 do código civil alemão afirma agora: “O casamento é celebrado para toda a vida por duas de sexo diferente ou do mesmo sexo”.
Não são apenas os tradicionalistas que acham difícil aceitar a decisão. No diário Süddeutsche Zeitung, a autora Silke Burmester manifestou sua surpresa de que exatamente os grupos supostamente antiburgueses comemorem agora o livre acesso à instituição do casamento. Mas, pergunta a colunista: “Por que os homossexuais deveriam ser menos conformistas que os heterossexuais”? Mesmo porque é preciso ter primeiramente um direito legal ao casamento, a fim de poder rechaçá-lo então como “conservador”. Ou aproveitá-lo como chance de ser unido mutuamente também diante do Estado. Com todas as obrigações e direitos – também com o direito de adotar filhos.
Roupas iguais para o casamento
Também por isso, Marion e Undine Maria Eggers trajaram roupas iguais no casamento. “Queríamos fazer diferente do que foi na primeira vez, quando nos vestimos de maneira contrastante, uma com calça escura e blusa branca, a outra com calça branca e blusa escura. Desta vez, queríamos emitir novamente um sinal”. O sinal de que somente o amor conta, do desejo de envelhecer juntas e de assumir responsabilidade recíproca. Agora, também sancionadas pelo Estado.