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Mais ameaças

Cibersegurança antes da reunião de cúpula do G7. O perito alemão Hummert fala sobre o perigo de ataques de hackers e notícias falsas.

Entrevista: Klaus Lüber, 20.06.2022
Os ransomwares e os hackers ameaçam as empresas e as nações.
Os ransomwares e os hackers ameaçam as empresas e as nações. © picture alliance/dpa

Na reunião de cúpula do G7, o tema dominante girará em torno da transformação básica de um mundo, causada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia. A violação russa da ordem de paz na Europa trouxe o tema da segurança para o centro das discussões do Grupo dos Sete. Falamos aqui com Christian Hummert, diretor da Agência Nacional de Inovação na Segurança Cibernética (Cyberagentur), sobre o tema da cibersegurança. 

Senhor Hummert, estamos sempre sendo confrontados com cenários horrendos, de que hackers possam manipular as usinas nucleares ou interromper completamente a eletricidade de toda uma cidade. Isso é realista?
É antes pouco provável que alguém assuma o controle total de uma usina nuclear. Por outro lado,  pode ser que uma pessoa venha causar danos graves através de manipulações em componentes centrais de uma rede elétrica. Temos os exemplos de ataques de hackers em 2015 e 2016 na Ucrânia, que interromperam por horas o abastecimento de eletricidade de 700 000 casas.

Christian Hummert é diretor da Cyberagentur alemã.
Christian Hummert é diretor da Cyberagentur alemã. © privat

Qual é o perigo que pode vir da Rússia?
Já foi comprovado que a Rússia propaga fake news  por todos os lados, ou seja, que ela aproveita o espaço cibernético para causar insegurança nas pessoas e para divulgar propaganda. Em todos os outros ataques cibernéticos, é difícil saber o que realmente está por trás disso. Isto também vem sendo objeto de nossas pesquisas. Em geral, podemos estar seguros de que as ameaças se tornaram mais graves. Tanto o Centro Nacional de Defesa Cibernética como o Departamento Federal de Segurança de Tecnologias de Informação recomendaram oficialmente que a economia, as autoridades e as pessoas privadas tomem medidas de proteção.   

Um ataque a toda a nossa sociedade democrática
Christian Hummert, diretor de pesquisa da Cyberagentur

O senhor diria que as fake news são ataques cibernéticos?
Obviamente sou a favor de uma visão mais ampla desse conceito. No caso das notícias falsas, o espaço da cibernética fez com que os ataques se tornassem mais efetivos. Se, ao lado das fake news, as infraestruturas também são ameaçadas, então isso significa um ataque a toda a nossa sociedade democrática, o que tem que ser levado muito a sério.

Sabemos realmente que somos tão vulneráveis?
Creio antes que não. Não gosto nem de pensar no que poderia acontecer, se a internet na Alemanha fosse interrompida totalmente por dois dias. Temos atualmente uma interconexão tão complexa que a situação, neste caso, já poderia ser quase semelhante à de uma guerra civil. 

Uma guerra civil por não podermos estar na rede por 48 horas?
Bem, os efeitos seriam drásticos. Uma grande parte da indústria não funcionaria mais, as cadeias de fornecimento desmoronariam, os sistemas bancários reagiriam sensivelmente, as operações da polícia e do corpo de bombeiros seriam massivamente dificultadas, pois toda a rede digital das autoridades não funcionaria mais. O abastecimento energético também sofreria rapidamente um forte impacto. Vejamos os parques eólicos, por exemplo, que já estão sendo controlados por satélites.

Temos que nos preocupar com os próximos 15 anos.
Christian Hummert, diretor de pesquisa da Cyberagentur

Esse perigo será maior ainda no futuro? A interconexão está aumentado cada vez mais.
Esta é realmente uma questão que nos está dando muito trabalho na nossa Cyberagentur. Temos que nos preocupar com os próximos 15 anos. Este é um espaço de tempo muito grande na TI, pois pode acontecer muita coisa, como, por exemplo, no setor da interface cérebro-computador. Tais sistemas já existem e são empregados – com grande êxito – para fins terapêuticos na medicina. Ainda não se sabe quando esses aparelhos entrarão no mercado do consumidor, mas a nossa posição é que temos de nos preocupar imediatamente com possíveis riscos de segurança. Não quero de maneira nenhuma que algum hacker venha mexer em algo que está implantado na minha cabeça.  

Não seria bom ter também à disposição alguma coisa com tecnologia analógica, caso haja problemas com a rede digital?
Foi exatamente o que vimos na inundação do vale do Ahr. Lá aconteceu o que acabei de descrever: o corpo de socorristas não pôde mais se comunicar por meio digital. Por sorte, o corpo de bombeiros ainda tinha celulares analógicos. Não deveríamos estar muito confiantes. Não podemos nos dar ao luxo de não seguir o desenvolvimento de uma plataforma de interconexão mais sólida. Importante é construir os sistemas de tal maneira que eles não falhem totalmente quando um elemento não funciona mais.

 


Prof. Dr. Christian Hummert é diretor de pesquisa da Agência Nacional de Inovação na Cibersegurança (Cyberagentur), fundada em 2020. Doutorado em Informática e perito em ciência forense de TI, ele foi antes professor catedrático na faculdade Fachhochschule Mittweida.

© www.deutschland.de

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