“Temos a chance de moldar um futuro comum”
Çağla Ilk, curadora do pavilhão alemão na Bienal de Arte de Veneza de 2024, sobre o papel da arte em tempos de guerra e crise.
Klaus Lüber ,
10.04.2024 
Senhora Ilk, a Bienal de Veneza começa em 20 de abril. Você deu à contribuição alemã o título “Thresholds”. De quais “limites” estamos falando?
Trata-se das transições sobre as quais seis artistas falam em dois locais na exposição desse ano. Em termos de conteúdo, essas posições estão localizadas no limite de nosso presente, que é caracterizado por incertezas e crises, e, a partir daí, elas analisam o passado, o futuro e as construções territoriais. Além disso, há limites sociais e relacionados à identidade que as pessoas com histórico de migração, por exemplo, experimentam. Eu própria vim para a Alemanha há 20 anos e ainda me vejo no limite, tanto em termos de minha afiliação nacional quanto de meu status social.
Que imagem da Alemanha você deseja transmitir?
Para mim, a ideia de ter qualquer representação específica de um país não está mais de acordo com os tempos atuais. Muitos de meus antecessores usaram o pavilhão alemão como uma oportunidade para fazer uma análise crítica da história da Alemanha. Isso também é importante para mim, mas adoto uma abordagem de múltiplas perspectivas, transcultural e transdisciplinar.
O que você quer dizer com isso?
Já vivemos em uma sociedade pós-migratória. Não se trata mais de uma questão de necessidade de migração, mas apenas de como negociá-la politicamente. Portanto, foi importante para mim reunir biografias e perspectivas muito diferentes na seleção de artistas.
A arte dá-nos liberdade e precisamos urgentemente dela nesse momento: como uma plataforma para unir as pessoas.
Até que ponto a arte pode e deve ter um impacto político?
A arte dá-nos liberdade e precisamos urgentemente dela nesse momento: como uma plataforma para reunir as pessoas, para alcançá-las em termos de conteúdo e emoção. Os limites não apenas marcam as rupturas, mas também permitem a possibilidade de superá-las. E, portanto, a chance de moldar um futuro comum.
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Çağla Ilk é codiretora da Kunsthalle Baden-Baden desde 2020. Anteriormente, ela trabalhou como dramaturga no Teatro Maxim Gorki, em Berlim. A curadora e arquiteta nascida em Istambul trabalha de forma transdisciplinar entre arte visual, arquitetura, som, teatro e performance.
